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24 de maio de 2011

Uma história de dar orgulho!!!

Há uma semana do dia do comissário de voo, faço aqui mais uma homenagem à essa profissão que desperta sonhos!!!

Hoje escrevo sobre uma senhora(com todo o respeito), que é extraordinária!!!! Falo da Sra. Alice Editha Klausz, uma gaúcha nascida em Porto Alegre, formada em Direito e Biblioteconomia. Alice nasceu em 1928, portanto tem atualmente 83 anos, e ainda não quer saber de ficar em casa curtindo a aposentadoria não... Agora segue a pergunta que não se cala: Mas qual é a profissão dela, afinal???????? A resposta é COMISSÁRIA DE VOO, sim, ela é aeromoça(ou aerovelha, como ela mesmo se define...).



O que vou narrar aqui é parte da fantástica história dessa mulher que é, sem dúvida alguma, parte importantíssima da aviação brasileira!

Fazer o que mais se ama na vida é para poucos. E o que dizer então de descobrir uma paixão por algo que nada tinha a ver com sua rotina, conhecimentos ou gostos? Para Alice Editha Klausz, a aeromoça há mais tempo em atividade no país (e, quem sabe, no mundo), sua carreira na aviação começou quase que por acaso, quando ela descobriu sobre uma certa empresa aérea que estava contratando em sua região. A empresa era a Varig e a região, o Rio Grande do Sul.

“Tudo começou em 1947, quando me formei em Biblioteconomia”, conta Tia Alice, como gosta de ser chamada. “Na época, fui chamada para organizar a biblioteca do Daer (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem) do RS, além de ajudar nas primeiras bibliotecas circulantes do Sesi e Sesc. Era um trabalho gratificante, mas eu não era feliz lá,” revela. Por conta de dificuldades financeiras da repartição pública, Alice não conseguia realizar seu trabalho como gostaria. Até que, em 1954, novos ventos atingiriam sua vida.

A jovem bibliotecária tomou conhecimento de um anúncio. Uma empresa aérea estava em processo de seleção para contratar jovens, do sexo feminino, que dominassem no mínimo dois idiomas estrangeiros (algo, na época, extraordinário e raro) para voar nas linhas internacionais. Alice resolveu se candidatar, afinal, seu desejo por conhecer o mundo era grande, e voar poderia facilitar isso. Ela poderia afastar-se por dois anos do Daer, através de uma licença que permitia seu retorno, caso não se adaptasse ao novo trabalho.

Já na Varig, a empresa em questão, Alice passou por testes escritos, teóricos e médicos, obtendo sua aprovação, ingressando em seu novo trabalho no primeiro dia de agosto de 1954. Junto com cerca de 20 outras jovens, ela fez parte da Primeira Turma de Aeromoças da Varig, na época em que a operadora havia acabado de comprar o Super Constellation para voar. “Foi engraçado pois em suas aeronaves, a Varig só tinha homens. O Clube do Bolinha acabou quando entramos”, diverte Tia Alice.

A idéia era que as moças contratadas deveriam atender crianças e senhoras nos vôos da empresa. Para isso, Alice e suas colegas de trabalho passaram inicialmente por cursos capacitadores, para voar nos DC-3 e C-46, até a chegada do modelo Super Constellation, em 1955. Alice Klausz lembrou que no primeiro vôo da Varig para Nova York, fez parte da tripulação do Comte. Geraldo Knippling: foi um longo vôo, ”chegamos mortas de cansaço ao destino, mas também com a sensação do dever cumprido”. Por isso, depois os passageiros passaram a dar preferência à empresa brasileira, ante a dura competição da PanAm: “Nossa arma secreta era mesmo o serviço esmerado.Aqueles vôos eram mesmo de uma classe só,a primeira. As louças, os linhos, os copos e talheres de prata, as atenções e os cardápios, os pratos e os vinhos”. As refeições para o primeiro vôo para Nova York, lembrou, foram preparadas por um chefe de cozinha que havia sido o “mestre-cuca” da família real russa. Foram os chamados “anos dourados da aviação”, que exigiam dos tripulantes sacrifícios que hoje seria impossível repetir, devido ás leis trabalhistas.

Imaginem, contou Alice Klaus, que num vôo de múltiplas escalas para Nova York ficávamos a bordo do Constellation, nos revezando, por mais de 24 horas. E as comissárias até tomavam conta dos copos de cristal e das louças finas do serviço de primeira classe, que a maioria das vezes elas mesmas tinham que lavar na escala de Belém. ”Dá para imaginar isso hoje? ” ela pergunta.

Graças a seus conhecimentos de Biblioteconomia, Alice ganhou destaque quando desenvolveu um manual de vôo. Seu chefe na época, Ruben Martin Berta, então presidente da Varig, colocou a sua disposição uma sala com datilógrafa, desenhista e solicitou que ela produzisse os manuais para a empresa. “Isso me chateou um pouco, eu queria era voar”, lembra Tia Alice.

O que Alice não esperava era que ela ia continuar voando, mesmo neste cargo. Para enriquecer sua bagagem de conhecimentos, foi enviada para a Suíça. Lá, ela participou de cursos hoteleiros, de aviação e ao final fez uma viagem ao redor do mundo acompanhada da chefe de aeromoças da SwissAir. Quando retornou ao Brasil, foi nomeada instrutora da Varig, tendo em suas mãos a tarefa de organizar a escola de aviação da empresa. Na época, o administrativo da Varig foi transferido para o Rio e Alice assumiu a fiscalização de dois hotéis que faziam parte da Real Aerovias, na Bahia, desempenhando esta função até quando a empresa aérea adquiriu as operações da Pannair do Brasil Uma nova viradas dos ventos passaria por sua vida.

“O Sr. Berta me chamou para acompanhar e organizar os despachos da empresa na Europa, mas não pude. Adoeci(teve câncer), e fiquei algum tempo sem trabalhar. Quando retornei, em 1966, o Sr. Berta havia falecido, foi muito triste”, relembra a emocionada Tia Alice. O novo presidente, Erik de Carvalho, solicitou que ela reorganizasse a Escola de Aeromoças, no Rio de Janeiro, em 1967. “Dirigi a escola até a minha aposentadoria, em 1989”, conta.

Foi no mesmo ano que Tia Alice tomou conhecimento do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), programa de pesquisa do Brasil no continente gelado, através de um amigo, Jean Gilbert Rousselet. Alice estava se despedindo dele, quando viu, na parede de sua sala, uma foto da estação de pesquisa brasileira na Antártica (a Estação Antártica Comandante Ferraz). “Você foi para lá?”, perguntou. “Não. Cruz credo!”, soltou o colega. Naquela época, a companhia aérea colaborava com o programa Antártico Brasileiro, fornecendo gratuitamente lanches para os participantes das missões comerem a bordo, o que justificava aquela imagem com dedicatória. Diante do silêncio de Alice, o tal colega desconfiou: “Por quê? Você gostaria de ir?”, Aceitei na hora”, revela.

Foi uma longa espera até ser chamada, praticamente quase o ano de 89 inteiro. “Quando o Proantar me telefonou, em setembro, eu quase caí da cadeira, nem acreditei de início. No dia do vôo, apresentei-me no CAN (Correio Aéreo Nacional) e embarquei no Hércules C-130, assim como embarquei também em uma nova e emocionante etapa da minha vida”, recorda Tia Alice. “Ao chegar na Base Chilena Eduardo Frei, nosso ponto de aterrissagem na Antártica, não me contive de tanta emoção. Todo aquele branco, lindo, um cenário que não cabe em palavras para ser descrito”, completa.

Com mais de 160 viagens colecionadas, sua missão é tão singela quanto fundamental para o programa. Tia Alice é encarregada de servir os lanchinhos dos passageiros, geralmente militares e cientistas, nos grandes e desconfortáveis aviões de carga da Força Aérea Brasileira (FAB). Ela gosta de frisar que, com 35 anos de serviços, entrou no Proantar sem qualquer remuneração. “Tenho 50 anos de aviação e digo que cada vôo é diferente, graças à presença de pesquisadores, militares, civis, políticos e até pingüins perdidos que levamos de volta”, conta. Durante o vôo, sua preocupação em atender bem os passageiros é tanta que só bebe água. “Prefiro me alimentar nos aeroportos e nas cidades de pernoite, Pelotas, no Rio Grande do Sul, e Punta Arenas, no Chile”.

Para ela todos os passageiros do Hércules são considerados VIPs, com tratamento exemplar. Para essa tarefa, conta com o apoio de alguns rapazes da Marinha e da FAB. Afinal, são seis lanches e dois almoços para cada um. Os pilotos, mecânicos e engenheiros de vôo têm dois almoços e um lanche adicionais. Tudo funciona graças à organização estabelecida por ela no início dos anos 90 pois, ao fazer seu primeiro vôo, ela sabia que não teria conforto naqueles bancos laterais duros, que acompanham a estrutura interna do avião. Pelo menos estava segura de que comeria bem, afinal, conhecia os lanches da Varig como a cozinha de sua casa. Mas passaram-se horas sem que ninguém lembrasse das refeições. “Foi minha maior decepção. O avião estava cheio de caixas e bagagens e, em uma das caixas, tinham uns lanchinhos mesmo”, diz, com ênfase no “inhos”. Nada além de torradas, manteiga e geléia. Então, foi pessoalmente até o então presidente da Varig, Hélio Smith, solicitar autorização para propor a modificação de todo o serviço de bordo, sem ônus. Com a autorização na mão, foi para Brasília. Assim, conseguiu treinar novas equipes.



Sempre impecável, Tia Alice enverga em seu uniforme de comissária. À lapela do bolso esquerdo, cinco rosetas das medalhas que recebeu: Mérito Santos Dummont, Mérito Tamandaré, do Pacificador, Ordem do Mérito Aeronáutico e da Vitória. Na gola, uma asa concedida pelo comandante da aeronáutica. Abaixo das rosetas está o pingüim de ouro que recebeu da Marinha quando completou seu centésimo vôo. Para ir da base Eduardo Frei, até a base brasileira Estação Antártica Comandante Ferraz, na Ilha Rei George, o deslocamento é por helicóptero. Mas só embarcam pesquisadores e personalidades. Alice só foi até lá três vezes, O que considera uma honra.

Dentro do Hércules, ida e volta para o gelo são mais de 20 horas. O avião militar não possui poltronas, apenas bancos laterais. Com capacidade para 80 passageiros, certa vez, tiveram que dividir as acomodações com um helicóptero avariado. “Tudo isso é muito gratificante para mim, por isso não pretendo parar tão cedo. Só irei me aposentar em duas hipóteses: não ser mais convidada ou por motivo de saúde. Se tiver que parar por outro motivo, encontrarei algo para fazer. Estou com 80 anos, mas a vida não acabou. A gente passa a maior parte da vida fazendo o que não gosta e tendo que aprender a gostar. Temos que aproveitar o agora para fazer o que se ama. Nunca é tarde”, ressalta.

Em terra, mora sozinha no Rio de Janeiro, onde chegou em 1967. Nos cinco primeiros anos como “aerovelha”, até os hotéis e refeições eram por sua conta. Hoje, essas despesas são cobertas pela Marinha, e Alice vive do INSS. Ela perdeu a aposentadoria por causa da dívida da Varig ao fundo de pensão Aerus. “Mal dá para pagar o plano de saúde. Vendi o que podia e aperto o cinto”, brinca. Mas nem pensa em estacionar. “Gosto do relacionamento com as pessoas, de conhecer lugares, como o Chile [a cidade chilena Punta Arena é escala da rota Rio de Janeiro – Antártica], que é fantástico. Além disso, nesses 54 anos, já voei com os presidentes Juscelino [Kubitschek, 1956 - 1961], Jango [João Goulart, 1961 - 1964], Costa e Silva [General Artur da Costa e Silva, 1967 - 1969] e agora, com o Lula”, diz ela.

Em todos os seus voo à Antartida, ela ganhou como lembrança um pequeno broche, representando um pinguinzinho de metal. Todos estão agora pregados num boné, conservados como preciosa lembrança de suas idas ao Pólo Sul, última coroa ganha em seus 55 anos de atividade de comissária. Talvez um recorde mundial. Alice Klaus se comove ao lembrar a sua vida dedicada à Varig, onde ela e a maioria dos funcionários “tudo aprenderam”. “A Varig foi não apenas uma universidade, foi como uma verdadeira mãe para todos nós. Foi um sonho, um sonho que se desmanchou”.

A história da Sra. Alice é uma história de superação, um exemplo para muitas pessoas, um orgulho para mim e a honra para uma nação que foi exemplo em aviação(hoje nem tanto assim por uma série de motivos que não vem ao caso); mostrando que quando se gosta, quando se tem a paixão e quando se entrega, o ser humano é capaz de fazer coisas incríveis. Seja qual for sua profissão, exerça-a com amor!

3 comentários:

  1. Tive o grande privilégio de ter estudado em uma escola pela qual a Sra Alice fazia parte da coordenação, foi ótimoooooo o que eu aprendi lá não se descreve, hábitos cujo hoje sou muitoooo grata, tanto pelo lado profissional, quanto pessoal, nunca travalhei, gostaria muito de ter realizado este sonho, mas não foi possível, então hoje guardo em minha memória todos os ensinamentos, transmitidos com carinho e dedicação.
    viva a DOna Alice !!!1

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  2. Caros, sou jornalista e busco o contato da Sra Alice para entrevistá-la. Vocês teriam como me ajudar? Em caso positivo, meu email é: tchiaverini@gmail.com

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  3. Caros, sou jornalista e busco o contato da Sra Alice para entrevistá-la. Vocês teriam como me ajudar? Em caso positivo, meu email é: tchiaverini@gmail.com

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