Um voo da Air France em julho sofreu problemas técnicos similares aos do avião que caiu sobre o Atlântico há dois anos, divulgou a mídia francesa nesta terça-feira, reacendendo o debate sobre as causas do desastre.
Investigadores contaram ao jornal francês Le Figaro que os detalhes do último incidente envolvendo um dos Airbus da empresa fizeram com que eles repensassem o que provocou a queda do voo AF447 na costa do Brasil em 2009.
Até agora os investigadores não culparam explicitamente os pilotos pelo desastre de 2009, que matou 228 pessoas - mas seus relatórios destacaram erros que, segundo eles, foram cometidos na cabine do voo.
Os sindicatos dos pilotos e a Air France insistem que o equipamento de voo defeituoso foi o culpado. Tanto a Airbus como a Air France estão enfrentando acusações criminais na França e processos em ambos os lados do Atlântico.
Na edição online desta terça-feira o Figaro disse que havia obtido um relatório sobre um incidente em um voo da Air France de Paris a Caracas em julho.
"Houve um incidente nesse trajeto, a Air France nos informou, abrimos a investigação e quando terminar, ainda não sabemos quando, divulgaremos as conclusões", indicaram as fontes. "Este incidente certamente ganha importância à luz do acidente Rio-Paris".
"Vai nos ajudar a entender se houve um problema com o Airbus ou no treinamento recebido pela tripulação no manuseio da aeronave em alta altitude", afirmou.
Dois tripulantes ficaram feridos no incidente de julho, que ocorreu com o Airbus A340, mas não houve vítimas, disse o Figaro.
O BEA, órgão francês encarregado das investigações, confirmou estar averiguando o caso, mas se recusou a dizer se o voo experimentou problemas similares aos que levaram à queda do Airbus A330 em 2009.
O Figaro disse que o relatório mostrou que assim como o AF447, o voo A340 passou por grande turbulência enquanto voava a 35.000 pés, e acelerou rapidamente, fazendo com o que piloto automático se desligasse. O avião então subiu bruscamente e começou a perder velocidade, como com o AF447, mas conseguiu permanecer voando graças à redução da turbulência e à rápida resposta da tripulação, disse o jornal.
A Air France não estava disponível para comentar a notícia.
Uma fonte do setor de segurança da empresa aérea próxima ao Airbus disse ao Figaro que o incidente de julho era obviamente complexo e iria reviver a especulação sobre o papel da fabricante na queda em 2009.
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