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26 de setembro de 2011

Alta do dólar eleva dívida da GOL

O rendimento dos papéis da Gol em dólar com juros de 9,25% e vencimento em 2020 disparou 1,23 ponto percentual na última semana, para 12,08%, ou 2,80 pontos percentuais em relação aos títulos com prazo semelhante da Tam, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O salto dos juros pedidos pelo mercado para papéis da Gol se comparam a 0,36 ponto percentual durante o mesmo período para companhias aéreas internacionais acompanhadas pelo Bank of America.

A dependência da Gol de receita em reais proveniente do mercado doméstico torna a empresa mais vulnerável à alta do dólar, que já chega a 15% este mês, do que a Tam, que teve 31% das suas vendas em 2010 com origem em voos internacionais.

A receita atrelada ao dólar que a Tam obtém com voos com destinos fora do Brasil serve como uma melhor proteção contra a elevação dos custos com combustível e com a dívida em moeda estrangeira, disse Jose Vertiz, analista da Fitch Ratings.

"Como a Gol é basicamente orientada pelo mercado doméstico e as receitas são mais dependentes da moeda local, ela vai ser mais afetada enquanto essa tendência piorar" para o real, disse Vertiz.

"Ambas companhias tem um alto percentual de receitas em moeda local, mas, no caso da Tam, existe mais diversificação."

O real teve a segunda maior queda em relação ao dólar este mês entre as moedas de mercados emergentes, só atrás do rand sul-africano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Investidores estão rejeitando ativos de maior rendimento em meio ao desaquecimento da economia global e à piora da crise de dívida na Europa. Na semana passada, o Banco Central tomou iniciativas para sustentar o real pela primeira vez desde 2009, por meio do leilão de contratos de swap cambial, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro.

A Gol gerou 94% da sua receita no Brasil no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. A empresa informou em 11 de agosto que o prejuízo se ampliou para R$ 359 milhões no trimestre encerrado em 30 de junho, comparado a uma perda de R$ 51,9 milhões um ano antes.

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Jr., afirmou em comunicado em 11 de agosto que o prejuízo foi causado por um aumento excessivo na concorrência, que levou à diminuição dos preços das passagens.

A Gol não quis fazer comentários sobre o desempenho dos títulos da empresa, segundo a assessoria de imprensa que representa a companhia.

O preço médio das passagens aéreas no Brasil caiu para o menor nível desde que os dados começaram a ser levantados em 2002 pela Agência Nacional de Aviação Civil.

Os brasileiros estão pagando em média R$ 260 nos voos domésticos em 2011, comparado a R$ 418 em 2008. Em agosto, o movimento de viagens domésticas aumentou 13,5 por cento em relação a um ano antes, segundo a Anac.

A capacidade da Gol de cortar preços para concorrer no mercado doméstico será limitada pela desvalorização do real, que eleva os custos com financiamento e combustíveis, disse Roger King, analista da CreditSights Inc. em Nova York.

"Posso dizer que um real mais fraco vai dificultar o corte de tarifas e todo esse enorme aumento no tráfego veio de tráfego muito sensível a preço", King disse em entrevista por telefone. "Isso vai ser um problema."

A Gol pode se beneficiar do declínio do preço do petróleo, provocado pela desaceleração do crescimento global, disse Michael Roche, um estrategista de mercados emergentes da MF Global em Nova York.

O barril caiu 9,2% na semana passada, para US$ 79,85.

"Acima de tudo, uma diminuição do preço do petróleo seria bem-vinda se os preços das commodities cederem", disse Roche.

A Gol tem classificação de risco BB- pela Standard & Poor's e pela Fitch, três níveis abaixo do grau de investimento, e um nível acima da nota da Tam. A assessoria de imprensa da Tam não quis fazer comentários.

A melhor classificação de risco da Tam e sua fusão com a Lan colaboram para que seus bônus tenham desempenho melhor que os da Gol, disse Vertiz, da Fitch. O tribunal antitruste do Chile aprovou na semana passada a aquisição da Tam pela Lan para formação da segunda maior companhia aérea do mundo por valor de mercado.

Os mercados "enxergam esta companhia como melhor que a Gol", disse Vertiz. "Para o detentor de título, ser parte de uma empresa maior e parte de uma companhia aérea que tem muito boa diversificação entre passageiros e carga, uma forte posição de mercado na América Latina e está tomando medidas para melhorar a geração de fluxo de caixa é visto de forma muito positiva."

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