Um possível pedido da America Airlines para mais de 250 jatos de passageiros é muito mais importante para a companhia aérea, a Airbus e a Boeing Co. que o tamanho da compra sugere.
A Airbus quer quebrar o monopólio da Boeing na American e reuniu um grupo de credores e firmas de leasing para ajudá-la a oferecer quase US$ 6 bilhões em financiamento a termos favoráveis, disseram pessoas a par da proposta. A oferta da Airbus tem preço de catálogo de quase US$ 23 bilhões, mas provavelmente ela vai oferecer um desconto considerável, disseram as pessoas. A empresa, uma filial da European Aeronautics Defence & Space Co., está oferencendo 130 unidades da atual geração do A320 e outras 130 do modelo A320neo, uma versão que consome menos combustível graças a uma nova opção de turbina, que deve começar a voar em 2015.
A Boeing também quer manter a Airbus fora dos hangares da American, mas está fazendo o máximo para que sua oferta não prejudique seu poder de barganha com outras companhias aéreas, disse uma pessoa a par das negociações. Jim Albaugh, o diretor-presidente da divisão de jatos comerciais da Boeing, deve se reunir hoje com autoridades americanas. A Boeing está oferecendo aviões 737-800 e 737-900 Extended Range, disseram pessoas a par da questão, mas não foi possível obter preços nem termos de financiamento.
Enquanto isso a Boeing também está correndo para desenvolver uma estratégia de produto para permitir que seu campeão de vendas, o 737, concorra com o A320. A Boeing enfrenta forte pressão da American e outras companhias para decidir se vai atualizar ou substituir o 737, que tem um só corredor e é o principal modelo da frota de curta distância da American. A companhia já espera a entrega de mais de 50 unidades do 737.
"A Boeing está numa situação difícil no momento", disse Adam Pilarski, vice-presidente da consultoria de aviação Avitas. "Ela precisam tentar convencer as companhias a esperar mais alguns meses para que ela possa anunciar seus planos para o 737."
O conselho da matriz da American, a AMR Corp., pode decidir o duelo já na quarta-feira, disseram as pessoas a par da questão.
A American precisa equilibrar sua necessidade de substituir centenas de aviões velhos de maneira rápida e barata com o risco de danificar seus laços estreitos com a Boeing, há 15 anos a única fornecedora de aviões para a companhia. A American tem status "de nação preferida" da Boeing de acordo com um contrato de exclusividade assinado em 1996 e que dá à American termos preferenciais para comprar aviões da fabricante americana, sediada em Chicago. Se a American comprar os aviões da Airbus, pode perder esse status na Boeing.
Acrescentar o Airbus A320 e depois o A320neo à frota da American, toda de Boeings, também aumentaria a complexidade do treinamento e do planejamento das tarefas dos pilotos, e também das tarefas de manutenção e de estoque de peças de reposição. Mas isso pode ser compensado pela redução no consumo de querosene, pela futura simplificação da frota que deve ocorrer quando a American aposentar modelos velhos e pela melhoria no poder de barganha com dois fabricantes de aviões disputando seus pedidos.
A Airbus está querendo oferecer à American termos de financiamento melhores do que ela normalmente oferece, em parte por causa de uma complicada transição em suas fábricas. Conforme a Airbus muda para o A320neo, ela quer limitar descontos para os últimos modelos do A320, disseram pessoas que conhecem a maneira de pensar na companhia.
Atualizar modelos de aviões é mais arriscado que outros produtos porque eles são usados por décadas. As negociações com companhias aéreas costumam incluir cálculos do valor de revenda dos modelos.
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