O encolhimento da carteira de pedidos da Embraer para o menor nível em seis anos trouxe receios sobre seus resultados futuros, e a esperança de venda de aviões nos Estados Unidos não impedia forte queda das ações da fabricante de jatos nesta quarta-feira.
A Embraer divulgou no fim da terça-feira que seu "backlog" (encomendas que tem a entregar) caiu em junho a US$ 12,9 bilhões, redução de US$ 1,8 bilhão sobre março e no patamar mais baixo desde o segundo trimestre de 2006.
Durante o salão aeronáutico de Farnborough, no Reino Unido, tampouco a fabricante brasileira divulgou novas vendas na aviação comercial, frustrando investidores que ansiavam pela divulgação de contratos.
Para alguns analistas, a Embraer não apenas está saindo de mãos vazias da feira inglesa e indicando uma demanda atual fraca para jatos regionais, mas também mostrando desvantagem para sua principal concorrente Bombardier.
"Destacamos nossa preocupação sobre o relativamente pequeno 'backlog' da Embraer - e a noção de que o fluxo de novos pedidos para a companhia tem sido tépido versus sua rival canadense", escreveu em relatório o analista Stephen Trent, do Citi.
Para o analista Nicolai Sebrell, do Morgan Stanley, o preço do recibo de ação da Embraer negociado em Nova York mostra que investidores não esperam uma retomada rápida das encomendas à fabricante brasileira.
Na bolsa paulista, a ação da Embraer recuava 6,5% às 14h17, a R$ 11,97, após ter perdido 7,11% na mínima até esse horário. O Ibovespa, índice com os princiais papéis brasileiros, subia 0,33%.
O trimestre passado da Embraer agradou analistas, embora os dados de entregas de aviões acima do esperado tenham sido ofuscados pela queda no "backlog".
De abril a junho, a fabricante entregou 55 aviões, sendo 35 jatos comerciais e 20 executivos."As entregas vieram em cinco unidades acima de nossa previsão", disse o analista Rodrigo Goes, do BTG Pactual.
O número de entregas também veio superior ao esperado por Morgan Stalney e Citi, principalmente no segmento de aviação comercial.
A Embraer terminou junho com 200 aviões comerciais para entregar a clientes. Isso representa cerca de dois anos de produção, abaixo da média histórica recente de três anos.
A principal aposta de analistas e da própria Embraer para retomada da aviação comercial está nos Estados Unidos. A crença é que grandes companhias aéreas como Delta e American Airlines consigam aval de sindicatos nos próximos meses para compra de aviões regionais maiores, o que abriria espaço para novas encomendas de jatos a partir de 70 assentos como os da Embraer.
"Além disso, o tráfego aéreo global continua a crescer acima de 5%, apesar do sentimento negativo no mercado financeiro, apontando para aumento da necessidade de aviões", disse Sebrell, do Morgan Stanley.
O BTG Pactual estima um potencial de 300 jatos regionais para o mercado norte-americano nos próximos três anos.
Na manhã desta quarta-feira, a fabricante japonesa de aviões Mitsubishi Aircraft, competidora direta da Embraer, anunciou acordo preliminar para venda de 100 jatos para a holding norte-americana de companhias aéreas SkyWest, com as entregas das aeronaves de 2017 a 2020.
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